Trecho analisado no entorno de Bauru recebeu nota regular na qualidade de água, mas as condições de vida aquática são consideradas péssimas; a falta de tratamento de esgoto é o fator principal pela avaliação negativa
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A última avaliação bimestral feita pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) sobre bacias hidrográficas concluiu que, apesar do ponto analisado em Bauru ter recebido nota regular, o índice que avalia as condições para a vida aquática foi considerado péssimo. A falta de tratamento de esgoto é apontada como principal responsável pela avaliação negativa.
O relatório, divulgado seis vezes ao ano – três em período de seca e três de chuva – avalia amostras coletadas em mais de 300 pontos no Estado. Bauru faz parte da Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI) Tietê/Jacaré, apesar da maior parte de seu território pertencer à bacia Tietê/Batalha.
De acordo com o Departamento de Água e Esgoto (DAE), a cidade lança a cada segundo 1,5 mil litros de esgoto sem nenhum tipo de tratamento no rio Bauru. O ponto analisado pela Cetesb fica justamente após o rio desaguar no ribeirão Grande.
Nélson Menegon, gerente da divisão das águas e dos solos da Cetesb, explica que o local foi escolhido justamente para analisar o impacto do município nos rios da região. Pelo relatório, o Índice de Qualidade da Água (IQA) – que considera nove variáveis de qualidade de água – no local de análise teve média de 42 pontos, considerada regular. Pela escala, até 19 pontos o índice é considerado péssimo. De 20 a 36, ruim; de 37 a 51 regular; de 52 a 79 bom e de 80 a 100, ótimo. Na avaliação geral, a UGRHI Tietê/Jacaré teve IQA considerado bom.
O gerente afirma que apesar de todo o esgoto urbano ser jogado sem tratamento no rio, ele chega de forma diluída no ponto de análise. “Existe uma forma de autodepuração nos rios”, observa. Mas, o que preocupa na região é o índice de qualidade de água para proteção da Vida Aquática (IVA). Enquanto a maioria dos pontos analisados na bacia Tietê/Jacaré atingiram nota regular, o índice verificado no Ribeirão Grande foi considerado péssimo. O fator responsável é a falta de efluentes, que também pode ser medida pela concentração de coliformes fecais. Enquanto a média é de 1 mil, foi registrada a marca de 8,9 mil no Ribeirão Grande.
Segundo Menegon, a relação de tratamento de esgoto no Estado apresentada pela Cetesb mostra que apenas 45% é tratado no Estado.
Investimentos
Na tentativa de melhorar este índice, o Governo do Estado criou o programa “Água Limpa” que visa a implantação de sistemas de afastamento e tratamento de esgotos (emissários, elevatórias e estações de tratamento de esgotos) em municípios com população urbana de até 50 mil habitantes, que não são atendidos pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), e que jogam seus efluentes, sem tratamento, nos córregos e rios locais. A iniciativa operada pela Secretaria de Saneamento e Energia, Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) e Secretaria da Saúde, atende cidades da região.
Segundo dados da assessoria de imprensa da Secretaria de Saneamento e Energia, Bariri (64 quilômetros de Bauru), Iacanga (49 quilômetros de Bauru) e Igaraçu do Tietê (76 quilômetros de Bauru) já foram beneficiadas pelo projeto e, agora, tratam 100% do esgoto doméstico neles coletados. Para isso, foram investidos R$ 8,5 milhões. Já Guaiçara (111 quilômetros de Bauru) recebeu R$ 2,5 milhões para a obra que já foi concluída e deve ser inaugurado nos próximos meses.
Barra Bonita (79 quilômetros de Bauru) foi contemplada com R$ 13 milhões pelo “Água Limpa”. Segundo o capitão da Marinha Mercante e diretor executivo da organização não-governamental (ONG) Mão Natureza, Hélio Palmesan, hoje a cidade trata cerca de 20% do esgoto, mas com a conclusão do projeto passará a atender 100%. Dois Córregos (81 quilômetros de Bauru) e Pirajuí (57 quilômetros de Bauru) receberam R$ 2,9 milhões e R$ 5,6 milhões respectivamente para os trabalhos que estão em andamento. Já Itapuí (50 quilômetros de Bauru) assinou convênio com o Governo do Estado no ano passado e deve receber R$ 1,8 milhões para sanar o problema de falta de tratamento de esgoto. |
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