Um
Rio Jovem Sobre Rochas Antigas
Mesmo
correndo sobre terrenos tão antigos quanto 350 milhões de
anos, O Tietê, geologicamente, é um rio novo: tem apenas
algo em torno de 12 mihões de anos. Ele implantou seu curso sobre
rochas já existentes, desnundando-as expondo-as em todo seu potencial;
estas, contudo, enquanto características geológicas, existem
há muito mais tempo do que o rio.
Durante todo seu trajeto, as características geológicas
da região que cruza permitiram que o Tietê se tornasse um
dos importantes fatores do desenvolvimento econômico do estado.
A remoção e transporte dos solos que cobrem as rochas duras
do Embasamento Cristalino é um bom exemplo disso. Expostas, essas
rochas puderam ser exploradas sob a forma de placas para revestimento,
blocos para calçamento e brita, todos materiais importantes para
o desenvolvimento da construção na cidade de São
Paulo.
Ainda para a construção, os depósitos de argila,
nas margens do rio recobertas por água nos períodos das
enchente, proporcionaram a matéria-prima para a confecção
de tijolos, telhas, cerâmicas e outros utensílios de barro.
Fora da capital, também é grande a importância econômica
do Tietê em função das características geológicas
de sua bacia. Ao longo de praticamente todo o curso, seu vale abriga depósitos
de areia, cascalho e argila. Com fluxo das águas esses materiais
são transportados por centenas de quilômetros, sofrendo a
ação do desgaste e da raspagem e resultado em fragmentos
com formas e tamanhos variados. Esses materiais granulares são
largamente explorados e empregados na construção civil,
inclusive nas grandes barragens do próprio Tietê. Além
disso, criam ainda um belo efeito visual ao polirem as rochas mais duras
com que se encontram em seu percurso pelo fundo do rio, produzindo um
fenômeno no leito original.
Outro aspecto economicamente importante do Tietê, em função
de suas características geológicas, é a presença
do basalto em sua bacia: com a remoção das rochas da camada
superior através da erosão provocada pelas águas,
o basalto ficou submetido ao intemperismo e sua decomposição
resultou na terra roxa, famosa pela fertilidade dos cafezais paulista.
As características geológicas do leito do rio também
são importantes para o abastecimento de água. No caso da
Formação Botucatu, por exemplo, quando o arenito aflora
à superfície, as águas da chuva e da bacia hidrográfica
do Tietê podem penetrar em seu interior e se movimentar em direção
à região central da bacia. Como esse arenito está,
em quase sua totalidade, coberto por uma espessa camada de rochas relativamente
impermeáveis, de origem basáltica, as águas ficam
confinadas. Acumuladas subterraneamente, constituem os melhores mananciais
hídricos para o abastecimento de um grande número de cidades
interioranas.
Nos sedimentos da formação Bauru, que se estendem por uma
área de 100 mil Km, a possibilidade de exploração
hídrica também é grande, embora com um potencial
menor que na Formação Botucatu, devido à profundidade
relativamente pequena do nível da água. Alimentados diretamente
pela chuva, os sedimentos dessa formação atuam como reservatórios
reguladores do escoamento dos rios.
Finalmente, as características geológicas da bacia do Tietê
são também pólos de atrações turísticas.
As corredeiras, cachoeiras, formações rochosase, mais recentemente,
os lagos e praias artificiais formados pelas barragens, são cenários
e paisagens que atraem grande número de pessoas. |