A
Urbanização e o Rio
Nem
só como fonte de prazer vivia o Tietê. Desde sempre, sua
convivência com a cidade foi marcada por um problema cíclico,
o das chuvas de verão, quando o rio invariavelmente invadia as
áreas vizinhas. Nessa época, as várzeas se transformavam
numa vasta e mal-cheirosa lagoa, e as águas quase estagnadas pela
diminuição da velocidade tornavam-se focos transmissores
doenças causadas pela grande proliferação
dos insetos ali existentes.
Tão antigo quanto o problema são as tentativas de soluciona-lo.
As primeiras iniciativas de retificar o rio e recuperar suas várzeas
datam do Século XVIII, mas nem por isso a questão foi resolvida
. Até pelo contrário, ela vem se agravando com o tempo,
pois a urbanização reduz a área de absorção
das chuvas e aumenta a velocidade do leito já bastante engrossado
pelos dejetos nele despejados.
Entre os vários projetos, deve-se à Comissão de Melhoramentos
do Rio Tietê, criada no final dos anos 30 e coordenada pelo urbanista
Preste Maia, o estudo sistemático do rio e a efetivação
de propostas de retificação e canalização
em seu trecho urbano. A Comissão cuidou ainda do aproveitamento
da várzea, projetando a construção de duas extensas
avenidas marginais e de 20 pontes de concreto armado, permitindo, com
isso, sua ocupação por loteamentos e logradouros públicos,
além da instalação de um grande terminal ferroviário
que centralizaria as comunicações com a capital.
Hoje, como ontem, os trabalhos prosseguem com a ampliação
das marginais e a cenalização dos afluentes urbanos do rio.
O Tietê, porém, praticamente morto em trecho urbano, vem
perdendo seu vínculo afetivo com os moradores, matando a fauna
que o habitava e tornando-se um elemento nocivo ao meio ambiente, enquanto
aguarda sua recuperação pela cidade. |