Fonte
de Prazer
"Partindo
de São Paulo, o povoamento do planalto começa por seguir
duas direções, ambas pelo Tietê: um rio acima, outra
rio abaixo.
No roteiro de Caio Prado Jr., em sua A Cidade de São
Paulo, "rio abaixo encontramos ja muito cedo: Nossa Senhora da Expectação
do Ó (hoje Freguesia do Ó) e Parnaíba, que em 1625
é constituída em vida. Em pelas variantes do Pinheiros,
seu afluente Jeribatiba (Rio Grande), do Cotia e Mbói-Mirim (Embu),
inúmeras povoações e aldeias de índios fundadas
ou dirigidas pelos jesuítas: Pinheiros, Itapecerica, Ibirapuera
(hoje Santo Amaro)"."Tietê acima, a marcha é mais
rápida.
Antes do fim do Século XVI encontramos no seu curso
vários aldeamentos: Guarulhos, Itaquaquecetuba, São Miguel;
a povoação, logo vila, de Moji das Cruzes; e passando para
o Vale do Paraíba, São José dos Campos.
Hoje, praticamente todos esses então povoados fazem parte se São
Paulo - da Grande São Paulo, cidade que aos poucos, desde 1554,
foi chegando às margens do Tietê e, também aos poucos,
desde as primeiras décadas do Século XX, foi dele se afastando,
pelo menos enquanto fonte de prazer: no começo do século,
para o Tietê se dirigiam só estudantes de Direito em serenatas
ruidosas, e por suas várzeas davam românticas escapulidas
nas noites enluaradas de São Paulo; lá, a torcida vibrava
com as incessantes partidas de futebol de várzea e, aos domingos,
para lá se dirigiam os moradores do Pari, do Belenzinho, do Tatuapé
e da Penha, para fazer os piqueniques que ganhavam coloridos assombrosos
no relato dos velhos moradores desses bairros.
Ao mesmo tempo, as margens do rio foram se pontilhando de olarias e portos
de areia que, num incessante cruzar de barcaças que transportavam
matérias retiradas do fundo do leito, iam erguendo em ritmo vertinoso
a cidade pelo café. |