Memorial do Rio Tietê

A Policultura

Há um marco na agricultura não só do vale do Tietê, mas de todo o estado, que é a crise de 1929. Até então, as cidades das margens do rio prosperaram principalmente com a monocultura da cana e, depois, do café, com as quais absorveram quase todas as terras boas para o plantio e os braços disponíveis, desestimulando a policultura e acarretando, não raro, escassez de gêneros alimentícios e a necessidade de importa-los. As roças de mandioca e de milho, de arroz e de feijão, destinavam-se, em geral, apenas ao abastecimento caseiro ou a pequenas trocas com vilas ou arraias próximos.

Havia exceções, e a cultura do algodão herbáceo, estimulado pela Guerra de Secessão dos Estados Unidos, é uma delas. Para abastecer de matéria-prima as manufaturas, alguns municípios, como Araçariguama, Porto Feliz e Itu, chegaram a produzir o algodão que, em 1887, alimentava 12 fábricas de tecidos da província. Na mesma época, pelo menos um município do vale do Tietê, o de Lençóis, produzia milho e arroz em escale econômica.

Com a crise de 1929, que afetou a economia cafeeira, abriram-se perspectivas para novas culturas. Nessa época, a grande fazenda começou cada vez mais a ceder o papel de vanguarda da expansão povoadora a lavradores modestos, que foram desbravando as matas virgens do extremo oeste e ali assentando seus sítios para uma pequena produção agrícola ou para o estabelecimento de pastagens onde se refizesse o gado que vinha de Mato Grosso. São Paulo se modernizava, e novas condições iam sendo dadas para a policultura.