Memorial do Rio Tietê

As Colônias Militares

O Tietê, via de penetração no interior, foi desde muito cedo uma área considerada estratégica. A preocupação do governo em ocupar e povoar as margens do rio vem desde pelo menos o Século XVIII, tanto para promover a comunicação rápida e eficaz com as zonas fronteiriças, como para facilitar o comércio, as diligências do Real Serviço de Correios e o tráfego entre São Paulo e Cuiabá. Não era fácil. As grandes distâncias, o sertão agreste e a hostilidade dos indígenas sempre estiveram entre as razões do fracasso das tentativas de assentamento realizadas até meados do Século XIX.

Em 1857, o Governo Imperial determinou que um jovem oficial da Marinha, Antonio Mariano de Azevedo, analisasse a possibilidade de criação de centros povoadores às margens do rio. Depois de seus estudos, o Governo dediciu-se pela colonização oficial, com a instalação de duas colônias militares: uma à margem do Salto de Itapura, próxima ao encontro das águas dos rios Tietê e Paraná; e outra à margem do Salto de Avanhadava.

A colônias de Avanhadava teve curta duração, mas chegou a ter 90 edifícios, entre os quais o do diretor: um chalé de dois pavimentos, construído de tijolos e com todos os cômodos forrados, assoalhados e empapelados.

A de Itapura abrigava uma base naval, ficaria sob a responsabilidade do Ministério da Marinha e, embora tivesse caráter militar, seria a semente de um núcleo populacional civil: pretendia-se que se tornasse um misto de quartel e colônia agrícola, onde o colono cumpriria a dupla função de agricultor e soldado, produzindo gêneros alimentícios para suprir as necessidades de toda a população lá sediada.

Segundo um sistema de pequenas propriedades, tanto colonos como operários poderiam requerer lotes, medida que seria posteriormente estendida aos africanos livres. Além do título definitivo de posse da terra, eles receberiam todo o material necessário para o cultivo do solo. Apesar dos incentivos, a produção agrícola e a criação de gado não se desenvolveram.

Por sua função militar, estratégica, colonizadora e postal, o governo transportou, até Itapura, um pequeno vapor de guerra, além de marinheiros e oficiais. Durante a Guerra do Paraguai, porém, talvez devido a seu isolamento, a atuação da colônia como base naval mostrou-se ineficaz. Sem ter tampouco desenvolvida a produção agrícola, a desativação foi determinada em 1895, quando nela permaneceram apenas alguns veteranos da Guerra do Paraguai e suas famílias. Em 1968, parte da região foi inundada pelas águas da represa de Jupiá.