Memorial do Rio Tietê

Viajantes do Século XIX

Além dos cientistas que percorriam o Tietê, foram inúmeros os viajantes estrangeiros que se interessaram pelo rio. Uma das descrições mais preciosas foi feita por Augusto Emílio Zaluar, escritor e jornalista português apaixonado pelo Brasil, para quem "seria preciso o estilo colorido de Victor Hugo" para descrever este rio, "certo de que a imaginação mais audaz não poderia criar fantasias que igualassem a realidade de suas esplêndidas maravilhas".

Seriam segundo ele, "160 léguas de um mundo quase incógnito e misterioso". Eis o que nos diz em seu livro Peregrinação pela Província se São Paulo-1860-1861:

"O seu leito torturoso, fundo e desigual, ora se rasga por entre enormes rochedos de granito, ora lavra pelo centro das mais luxuosas campinas e florestas, quer interrompido pelas gigantescas penedias que se levantam agreste no meio da correnteza, quer pelas ilhas deliciosas e perfumadas que rompem do volume d'água como encantados jardins, em cujas palmeiras solitárias se ouvem as aves selvagens entroar estranhos e misteriosos cantos. Acrescenta-se a isto as numerosas e soberbas cachoeiras que interceptam a sua navegação, oferecendo aos olhos e ao espírito os mais belos, encantadores e indescritíveis espetáculos".