Pirapora
do Bom Jesus
Não
Fosse a imagem do Bom Jesus descer o Tietê e escolher a futura cidade
de Pirapora para aportar, esta então pequena vila teria tido outro
destino. Desmembrada de Parnaíba, seus primeiros tempos foram de
incursões auríferas, em função das quais tentou-se
até fazer um rasgão no leito do rio para isolar um meandro
e facilitar a busca do ouro. Inútil: as rochas duríssimas
falaram mais alto e Pirapora esperou até 1724 para viver a sua
história de fé e misticismo.
Nesse ano, a estátua do Bom Jesus foi retirada das margens do Tietê,
cujas águas desceu possivelmente em decorrência da depredação
da capela de Nossa Senhora da Escada De Barueri, rio acima, que num dos
episódios da expulsão dos jesuítas, teve suas imagens
sacras lançadas nas águas. Em Pirapora correi que a imagem
proporcionava curas espantosas aos que rezassem de devotos e o pequeno
vilarejo torno-se centro de romarias.
O Tietê marca sua presença na cidade de várias formas,
além da acolhida dada ao padroeiro que transportou. No nome: Pirapora,
em tupi, língua dos primeiros habitantes, significa "peixe
que salta", numa alusão à época da desova, quando
os peixes de piracema pulavam as corredeiras e nadavam contra a correnteza
das águas do rio. Em rituais: a lavagem dos animais e o "banho
de curva", este realizado de madrugada, com a participação
de doentes, acontecem às margens do Tietê. Em procissões:
nas vésperas das festas de agosto, em homenagem ao rio que banha
e fertiliza a região, centenas de canoas acompanham as estátuas
do Bom Jesus E de Nossa Senhora das Dores, com uma parada obrigatória
diante da Pedra Santa, onde imagem do padroeiro foi encontrada. |