Memorial do Rio Tietê

Moji das Cruzes

Os "gentios de bougi", nativos da região do "rio das cobras", travaram lutas cruéis com os brancos e mamelucos que procuravam se instalar em suas terras, localizadas nas imediações da Serra do Mar, à pouca distância do Tietê. Assim mesmo, em 1611 seria criada a vila de Santana das Cruzes - hoje Moji das Cruzes, cidade desde 1855.

No começo do Século XVII a vila era a imagem da solidão: sua comunicação com São Paulo corria por caminhos ásperos e de muitas águas - rios, restingas e brenhas freqüentemente intransponíveis-, onde se sobressaía a possibilidade de navegação pelo Tietê, com suas canoas construídas com troncos de árvores. Moji, assim mesmo, logo se tornou parada de bandeirantes.

Com o povoamento começaram a ser plantadas roças, que, no entanto decairiam em meados do Século XVII. Dois séculos depois, a agricultura teria um impulso vigoroso, primeiro com o café e depois, quando chegaram os imigrantes japoneses, com as hortaliças, as frutas e o chá.

Localizada entre São Paulo e o Rio de Janeiro, Moji sempre foi passagem obrigatória para os que transitavam entre umas e outras cidades - inclusive para o Imperador D. Pedro I que, ao voltar ao Rio de Janeiro depois de declarar a Independência, esqueceu seu pavilhão real na cidade, onde é guardado como relíquia. Para alguns dos viajantes, com Carl von Koberitz, a cidade em 1883 era "uma localidade grande e bonita, encantadoramente situada, e com três grandes igrejas"; para outros, com Emílio Zaluar, em 1860 era "sombra, triste e pesada".

O rio Tietê sempre foi personagem presente na cidade, se não por outras razões, pelo menos porque as estradas que circundavam Moji ficavam intransitáveis com as chuvas e inundações freqüentes. O Tietê representa uma opção, mas sua navegação organizada, por barco a vapor, para São Paulo, não duraria mais do que alguns anos: pouco depois de implantada, no final do Século XIX, daria lugar a uma nova era na história das comunicações na região, com a abertura da Estrada de Ferro do Norte.